Sábado, dia 17; antes de sair de casa
A Megan parece ser uma pessoa bem legal.
Megan: Está tudo bem ai, Lara?
Eu: Tudo sim.
Abri a porta. Sem querer deixei cair o diário da bolsa. Quando eu me abaixei para pegar, Megan pensou mais rápido e pegou primeiro.
Megan: Então é por isso que você entrou com uma bolsa do banheiro. Por que estava escrevendo no banheiro?
Eu: É que eu não queria que você achasse que eu sou um bebezão logo no meu primeiro dia aqui no campus.
Megan: E por que eu pensaria isso?
Eu: Bem, eu não sei, talvez você pensasse que escreve em um diário é uma coisa infantil.
Megan: Claro que não. Lara, pode ficar a vontade. Não é porque eu tenho vinte anos que eu vou te achar uma pirralha. Três anos é pouca diferença.
Eu: Mesmo?
Megan: Mesmo. Agora levanta daí e vamos nos arrumar para não nos atrasarmos.
Ela estendeu a mão e me ajudou a levantar.
Eu: Obrigada.
Eu sorri e ela sorriu de volta.
Megan: O que temos aqui?
Ela se aproximou das minhas malas e começou a tirar as roupas.
Eu: O que você acha que eu devo usar?
Megan: Bem, todas as suas roupas são muito lindas, mas...
Ela mostrou meu vestido.
Megan: Nós estamos indo para Los Angeles, não para um convento.
Eu: Tem algo de errado com as minhas roupas?
Megan: Claro que não. São completamente lindas. Mas, se eu tivesse as suas pernas, eu não as usaria.
Ela abriu o closet e entrou lá dentro.
Megan: Mmmmm...
Ela saiu com umas roupas na mão.
Megan: Tenta isso.
E me entregou um conjunto lindo. Shorts, camiseta, casaco, tênis e chapéu. Tudo muito brilhante e flourescente. Tudo muito... Los Angeles.
Eu: Me desculpe, mas... Eu não posso usar isso.
Megan: Não só pode como vai. Agora se troca.
Eu entrei no banheiro e me troquei.
Megan: Agora senta ai.
Ela me empurrou e eu sentei na cama. Ela puxou o criado-mudo (que, por sinal, tinha rodinhas) e abriu as gavetas (todas lotadas de maquiagem).
Bem, eu sei que o tempo passou e eu já estava quase dormindo quando ela disse:
Megan: Está prontíssima. Agora eu vou correr para me arrumar.
Ela pegou umas roupas, arrastou o criado mudo para dentro do banheiro e se trancou lá.
Eu entrei no closet para ver como eu estava e... MEU DEUS! Eu juro que nunca tinha me visto bonita daquele jeito. Foi como se ela tivesse me passado de bobona que escreve em um diário para estrela de cinema que escreve em um diário.
E agora ela está saindo do banheiro. Deseje-me sorte no meu primeiro dia em Los Angeles.
Domingo, dia 18; dormitório às 4hrs00min
Não vou comentar nada, somente vou contar o que aconteceu...
Saímos do campus e pegamos um taxi até Hollywood. Chegamos no restaurante, que estava repleto de gente.
Megan me apresentou à seus amigos. Apesar de ter ido lá para encontrar eles, ela passou mais tempo comigo no final das contas. Acho que sentiu dó, não sei.
Megan: Então, o que está achando?
Eu: Ótimo, esse lugar é lindo.
Megan: É mesmo, eu adoro vir aqui.
Eu: Mmmm... Megan, eu acho que aquele cara está de olho em você.
Megan: De olho em mim? O que eu fiz de errado?
Eu: Mmm... Eu não quero dizer esse tipo de olho, se é que você me entende.
Megan: Aah, você é a mais nova e eu sou a ingênua. Sério? E... Ele é bonito?
Eu: Se ele estivesse de olho em mim, e não em você, eu não iria pensar duas vezes. Ele é um gato.
O garoto fez sinal para eu ir falar com ele.
Eu: E está me chamando.
Megan: No final das contas, ele queria falar com você, isso sim.
Eu: Ai meu Deus! Lá vou eu.
Megan: Boa sorte.
Me aproximei dele.
Eu: Pois não.
Jake: Oi, meu nome é Jake. Eu achei a sua amiga uma gata, será que você pode me apresentar a ela?
Eu: Claro.
Realmente, Megan é LINDA. Comparada com ela, mesmo toda maquiada, eu pareço um patinho feio.
Me aproximei dela.
Eu: Megan, esse aqui é o Jake. Jake, Megan.
Megan se levantou: Prazer.
Jake: Mmm... Posso te pagar uma bebida?
Megan: Claro. Mmm... Lara, que tal você cantar alguma coisa?
Eu: Haha, obrigada, eu vou fazer isso. Bom divertimento.
Megan me olhou com aquele olhar de "eu espero".
Bem, ela não tinha dado uma má idéia. Eu sempre gostei de cantar. Todo mundo da rua me conhecia pela minha voz (que modéstia a parte, é bem bonita). Mas eu nunca mais tinha cantado depois que me mudei para o Brasil. E aquelas foram as palavras certas para me fazer voltar a cantar.
Coloquei meu nome na listinha e fiquei esperando para cantar.
Quando chegou minha vez, eu fui lá na frente. Olhei para baixo (bem, o palco não era ASSIM tão alto, mas enfim) e vi aquele monte de gente olhando pra mim. Bem, obviamente várias pessoas estavam conversando, mas tinham várias pessoas olhando para mim. Mas todas olharam para mim quando eu comecei a cantar. Eu cantei a música que eu costumava cantar quando era pequena: Over the Rainbow. Às vezes eu saia na varanda e ficava cantando. E o pior é que todo mundo parava para olhar. Porque eu era fofa e bonitinha. Se eu fizesse isso hoje em dia, tirariam meu sarro até não poder mais. Mas como aqui é um karaokê e as pessoas vêm aqui para CANTAR, eu acho que não teria tanto problema.
Acabou a música, todos aplaudiram e eu desci do palco toda orgulhosa.
Quando voltei para minha cadeira, percebi um choro. Olhei para o lado e era Megan.
Eu: Megan, o que aconteceu?
Megan: Aquele cretino do Jake!
Eu: O que tem ele?
Megan: Ele me pagou uma bebida, conversamos um pouco... Eu percebi que ele estava chegando perto demais... Rápido demais... Então eu comecei a me afastar. Ele percebeu isso e disse: qual é gata, eu sei que você quer isso tanto quanto eu. E eu disse: Isso o que? Ele: Ah... Você sabe... E foi se aproximando. Eu gritei: cretino! Ele: ah, qual é vadia, vai dizer que não se interessou em mim. Eu joguei o copo de suco nele e ele me xingou de vagabunda. Onde está o romantismo nos homens hoje em dia?
Eu: É... Tenho que admitir que não existe mais. Mas por que está chorando?
Megan: Bem, ao contrário do que parece, eu sou muito sensível. Quando estou com raiva, eu choro.
Eu: Ai, que fofa.
E eu a abracei.
Megan: Estou feliz de ter você como colega de quarto.
Eu: Eu também.
E sorri. Nisso, eu senti uma mão no meu ombro. Dei um pulo de susto e Megan caiu na risada. Tudo bem, eu também teria rido se fosse ela. Pra falar a verdade, eu também comecei a rir. Mas me calei na hora quando “a pessoa” falou:
Pessoa desconhecida que me deu um susto: Mmm... Munchkin?
Munchkin? Não me chamavam de Munchkin desde o... Jardim de infância.
Eu me virei e vi um cara alto, moreno, de olhos castanhos olhando para mim.
Eu estava reconhecendo aquele rosto. Era Petter Johnson. Aquele cara da TV, e das revistas e tudo mais. Mas ele me chamando de Munchkin? Foi ai que me caiu a ficha...
Petter: Lembra de mim?
Eu: Buggy?
Petter: Nossa, ninguém me chama de Buggy desde a quinta série. Mas sou eu mesmo.
Eu: Espera ai.
Nesse momento eu lembrei o nome dele.
Eu: Petter Adam Johnson, você é o Petter Johnson?
Petter: Achei que fosse óbvio.
E ele deu aquele sorriso. Não quis dizer aquele sorriso. Eu quis dizer AQUELE sorriso, se é que me entende. AQUELE sorriso derretia corações desde a terceira série. E, por mais que eu não quisesse admitir, o meu também. E, sabe, tinham se passado sete anos e aquele sorriso continuava exatamente do mesmo jeito. Eu JURO que quase cai da cadeira. Ele tinha mudado MUITO! Tipo, ele passou de garoto magricelo e bobão para homem másculo e charmoso.
Eu: Nossa, como você mudou!
Petter: Você também.
Eu: Então, como me reconheceu?
Petter: Bem, ninguém canta Over The Rainbow tão lindamente como você. Sua voz é inconfundível.
Nesse momento fiquei vermelha feito um pimentão. Quer dizer, eu não tinha certeza, mas sentia meu rosto queimando.
Eu: Nossa, obrigada.
Nesse momento alguém surgiu de trás de Buggy, digo, Petter.
Pessoa misteriosa que surgiu de trás do Buggy: Munchkin!!!
E ela simplesmente pulou em cima de mim e me abraçou. Nem tinha dado tempo de reconhecer quem era. Quando nos afastamos eu vi...
Eu: ANGEL!!!!!
Caramba, eu não via o Angel fazia um bom tempo. Mas não dava pra não reconhecer! Aqueles cachinhos de anjo são inconfundíveis!
Angel: Bem, agora me chamam de Fred. Fred Johnson.
Ai não! Agora eu percebi! Aquele sobrenome não era só uma coincidência! A família Johnson e os The Johnson Men são as mesmas pessoas!
Eu: Angel... Frederic Adam Johnson... É agora... Fred Johnson?
Fred: Haha, isso mesmo.
Eu: Meu deus! Que saudades!
E abracei os dois. Percebi que Buggy ainda usava o mesmo perfume. Ele e eu tínhamos inventado uma fragrância deliciosa, com a mistura de vários perfumes. Eu fiquei com metade do balde de perfume e ele ficou com a outra. Depois do dia que nós o inventamos, ele nunca mais usou outro perfume. E eu também não. Bem, só até o momento em que eu me mudei para o Brasil. Tinha até me esquecido daquele perfume. Mas como poderia ter durado tanto tempo?
Megan: Nossa, bem... Acho que já vou indo então.
Fiquei com dó da Megan. Naquele momento, tive uma idéia genial.
Eu: Buggy, Angel, esta é minha amiga Megan. Megan, Buggy e Angel. Quero dizer, Petter e Frederic. Ou melhor, Petter e Fred.
Megan e Fred disseram ao mesmo tempo: Muito prazer.
Tudo bem, eu não precisaria nem ter tido aquela idéia genial. Fred e Megan se olharam como se fossem namorados por anos e anos.
Cheguei bem perto do ouvido de Angel e cochichei.
Eu: Angel, que tal pagar uma bebida para minha doce e linda amiga Megan?
Angel: Ótima idéia. Mmmm... Megan, aceita uma bebida?
Megan: Lara, pode vir aqui um instante? Com licença meninos.
Ela me puxou.
Megan: Lara, acho que um fora é o bastante para uma noite só.
Lara: Pode ficar tranqüila. Angel, digo, Fred, não vai te decepcionar.
Megan: Olha lá, hein? Estou confiando na sua palavra.
Lara: Pode ficar tranqüila.
Nós nos aproximamos novamente dos meninos.
Megan: Claro.
Eles se afastaram e foram até o bar.
Buggy: Então, Munchkin, o que tem feito desde que se mudou para o Brasil?
Eu: Nada de muito especial. E você?
Buggy: Bem, eu fiquei famoso e milionário, mas nada de especial também.
Ele riu. Ai meu deus, ele RIU! Ele mudou muito por fora, mas o jeito era exatamente o mesmo. E aquele sorriso... Bem, aquele sorriso também.
Buggy: Você não tinha me reconhecido? Digo, das revistas e tudo mais?
Eu: Bem, eu nunca parei para prestar muita atenção. Sem querer ofender. É que minha vida no Brasil era muito corrida.
Buggy: Não, tudo bem. Eu compreendo. Mas por que você voltou para os EUA?
Eu: Intercâmbio.
Buggy: Ah, entendi.
Ficamos em silêncio por um momento. Então olhamos na direção de Angel e Megan. E eles estavam conversando com o rosto bem próximo. Quase se beijando. Eu sabia que não ia demorar muito pra eles se apaixonarem. Porque afinal, Angel sempre teve seu charme e, pelo que vejo, Megan também. Mas não pensei que ia ser tão rápido. E, pelo visto, Buggy, digo, Petter, também não.
Buggy: Parece que Fred e sua amiga estão se dando bem.
Eu: É mesmo... Que bom, né?
Buggy: É... Ele precisava de uma cara metade.
Eu: Ela também. Nossa, que impressionante, hoje mesmo estava lembrando de você e de sua família. Como vai Sr. Jeffrey, D. Samantha, Mr. J e o bebê John?
Buggy: Bem, meus pais vão muito bem. Ninguém mais chama o Jeff de Mr. J. Agora é só Jeff mesmo. E o bebê John, não é exatamente mais um bebê. Apesar de minha mãe não pensar o mesmo.
Nós dois rimos.
Papo vai, papo vem, estava na hora de ir embora.
Megan: Então Lara, está na hora de ir. Foi uma noite ótima Fred. Foi um prazer em conhecê-los.
Buggy e Angel: O prazer foi nosso.
Parece que a educação de D. Samantha ainda estava presente.
Buggy: E foi um prazer revê-la Munchkin.
Angel: Nós precisamos nos encontrar de novo!
E ele veio pra cima de mim para me abraçar de novo. Angel continuava carinhoso. E Buggy continuava tímido.
Lara: Nós vamos, com certeza.
Angel: Eu peguei o telefone da Megan. Nós ligaremos.
Megan: Estarei esperando. Agora vamos Lara!
Saímos correndo. E deixamos para trás os dois nos olhando com cara de apaixonados. Cara de apaixonados...
NÃO DÁ PRA ACREDITAR! Tudo bem, eu não GOSTO do Buggy. Mas tenho que admitir que eu fico com um pouco de ciúmes em pensar que ele gosta da Megan. Por que ela tinha quer ser TÃO perfeita?!
E agora estamos aqui. Megan já está dormindo. E é isso que eu vou fazer também. Boa noite diário.
Domingo, dia 18; dormitório
NÃO DÁ PRA ACREDITAR! É sério! Olha isso:
Acordei feliz e contente, tomei banho, me troquei e estava saindo para dar uma caminhada rápida antes da Megan acordar. Quando abri a porta, encontrei DOIS buquês de flores. Isso mesmo: DOIS! O primeiro era um buquê de tulipas vermelhas e o bilhete dizia:
Megan, foi ótimo te conhecer.
Espero que goste das flores.
Não sou uma cara de muitas palavras, mas de muito sentimento.
Ass: Fred
Ótimo. “Que coisa mais fofa!” eu pensei. “O Fred mandou DOIS buquês de flores pra Megan!”. Só que depois eu percebi que o outro (um buquê de jasmins) também tinha um bilhete. E dizia:
Posso parecer louco, exagerado, mas a razão é não conseguir deixar de pensar em você.
Por que fiz isso? Porque te amo!
Por isso agora te digo que por você suspiro, anseio e desejo.
Me deito pensando em você e acordo a sonhar com você.
Sei que não sou perfeito, mas quem o é?
Sei que não sou o seu ideal de homem, mas será que ele existe?
Sei que procura alguém especial, e entendo isso.
E talvez eu não seja especial para você.
Mas pode ter certeza de que você é para mim.
Gostaria de deixar bem claro tudo que eu sinto por você.
Ass: Petter
QUE RAIVA! Quero dizer, eu não gosto do Petter. Mas, sabe, eu não consigo entender como a Megan conseguiu fazer os dois amarem ela.
Enfim, acabei nem caminhando. E voltei para cá.
Acho que agora vou voltar a dormir...
Eu comprarei seu livro *.*
ResponderExcluirParabénsss